sábado, 30 de maio de 2009


Num pequeno passo, fecho os olhos e sinto todo um mar de emoções que nunca antes sentira.
Cada detalhe é demasiado importante.
Cada gesto é apenas... teu.
Vives num mundo à parte, ao qual designas-te de "Quarta dimensão".
Bem... Não me disses-te que moravas lá...
Mas eu sei.
Sei porque uma vida inteira vivi dentro de uma bolha,
Tentando adaptar-me a este mundo,
E não consegui...
Uma vida inteira ouvi palavras, ouvi gestos, ouvi emoções,
E li os pensamentos através do olhar de cada pessoa.
Porque razão, em toda uma vida, ninguém me conseguia ouvir?
Ninguém compreendera os meus gestos,
As minhas emoções,
Nem lera os meus pensamentos através do meu olhar?...
Com o tempo, perdi a noção de que começava a agir como os "terrestres",
Perdi a consciência de que eu também tinha sentimentos... De que eu tinha preferências...
E de que já não as conseguia distinguir...
Eu... Eu, embora perdida, moro numa quarta dimensão.
E tu...
Tu compreendes as minhas emoções,
Lês o meu toque,
Descreves-me o que estou a sentir...
E eu sei que dizes a verdade.
Sei, porque quando falas o meu espírito estremece sem reacção física,
Porque quando o fazes o meu interior sente-se aliviado, em paz,
E... Parece que me vai saltar do corpo a qualquer instante...
Simultaneamente, isso não acontece porque no local do meu coração,
Precisamente no meu peito,
Sinto um vazio demasiado pesado que me prende o espírito ao corpo,
Que não deixa a minha alma flutuar..
Que não a liberta...
Quando olho para um árvore, ao sol, ao vento,
Não vejo Natureza... Vejo magia.
Uma queda de purpurinas que não se desloca,
e que brilha.. brilha...
Para que possamos respirar.
Mostraste-me magia.
Mostraste-me aquilo que eu sou.
E que, ainda assim, não consigo perceber...
Mas não me importo.
Porque estás dentro da mesma bolha que eu...
Porque dentro desta bolha, onde estou perdida, sei que me dás a mão,
E que me ajudarás a construir o meu túnel...